quinta-feira, 13 de abril de 2017

Nas Brumas das Pontes

 

Em cada estrada há um novo caminho...
que leva a uma longa jornada...
onde muito se percorreu à busca do destino.
Ao transcorrer das duas pontes uma nova morada se fez
E nos descaminhos de outrora se perderam em brumas
Eis que a saudade vem...
e as brumas da noite turvam a visão.
Saudade, quem és tu que leva parte da alma à escuridão?
Saudade do que não teve...
Saudade do que deixou...
Saudade no não viver?
Eis as duas pontes... do coração...

Ali nos descaminhos, na saudade do que não foi
a alma se inquieta pelo porvir.
Teremos então a verdade na vontade de existir?
Qual será o contraponto que não permite
que as sombras da noite alimentem o torpor?
Onde pensas que vais sem ver?
Apenas em fé poderá remover o véu.
Apenas em amor irás transpor as duas pontes...
Apenas em Paz conseguirá ver além das águas...
e então acalmarás teu coração...
ao contemplar a pedra que é hoje o teu Destino.

Entre as brumas das duas pontes
que norteiam o caminho
Tu podes escolher a noite por onde irás caminhar...
Que seja então desvelado a ti a nova jornada...
E onde contemplas a escuridão...
aos teus pés percebas 
no lago azul...
das lágrimas que vertem de teu rosto...
A luz cintilante do brilho das estrelas... 
que te guiam o caminho
e norteiam tua jornada...
o brilho das estrelas que vem acima de ti...
a iluminar-te, e guiar-te...
entre as brumas do coração.

Torna-te o caminho...
torna-te a luz...
faz em ti a descoberta
do diamante do teu coração...

por: Elena Públio


13/08/2016 - foto: Marco Central - Cidade Sagrada de Barra do Garças - MT

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Sons da Natureza


As folhas volteiam ao vento
que sopra em brisa quente
um pássaro canta, distante,
em solitude, ao nascer do sol
Pequena andorinha, que voa no céu azul
Segue o vento que sopra de norte a sul...

Na bahia de areias brancas
Ilhotas ressurgem no raso do rio
fazendo desenhos que lembram
a antiga morada.
O agito do porto recomeça
mas a maioria já se foi...
deixando suas marcas por onde passaram.

Á margem crianças brincam
no sol quente da manhã
Porto solitário do alvorecer
onde muitos buscam na quietude
o reencontro com o Eu
Parecem buscar o que não sabem existir
Há uma interrogação em cada olhar...
e um silêncio em respeito cúmplice
a cada quietude, a cada refletir.

Os que vem e os que vão
cada qual contempla a beleza
com seu próprio olhar
Cada qual sente a vibração
em harmonia com o som das águas
no porto dos reencontros,
no porto onde tudo começou
e recomeça a ressoar em cada coração...

Foto: Águas do Araguaia - Rio das Garças
por: Elena Públio - 13/08/2016 Porto do Baé.

O Silêncio do Porto



A borboleta amarela mistura-se
no frenesee das folhas...
buscando o néctar da flor...
onde o verão nunca cessa,
onde a primavera resplandesce a cada dia.

Numa noite um galho seco
numa manhã árvore florida...
que tinge no horizonte azul
as suas cores de cálido rosa
à furtacor...

Ali o sabiá fez seu ninho
e baila de galho em galho
com seu canto harmonioso, belo, singelo...
Rosa branca, laranja, magenta...

As flores da primavera moldam
a velha arena renovada...
Onde dantes guerreiros tilintavam espadas
hoje apenas cantam, em seu grito
as insurgências do coração.

Vem, aos que ali habitam
alegrar e distrair...
com suas velhas canções...
sem contudo deixar de existir
em sua alma guerreira,
que a cada amanhecer contempla
o mesmo velho porto...
das mesmas velhas emoções...
 em sua busca incessante, 
e na espera, 
por aqueles que clamam o reencontro
com seus valentes corações...

Elena Públio -  13/08/2016 Porto do Baé - Barra do Garças - MT